"A ilha ninguém achou
porque todos a sabíamos.
Mesmo nos olhos havia
uma clara geografia.
Mesmo nesse fim de mar
qualquer ilha se encontrava,
mesmo sem mar e sem fim,
mesmo sem terra e sem mim.
Mesmo sem naus e sem rumos,
mesmo sem vagas e areias,
HÁ SEMPRE UM COPO DE MAR
PARA UM HOMEM NAVEGAR.
"Nem achada e nem não vista
nem descrita nem viagem,
há aventuras de partidas,
porém nunca acontecidas.
Chegados nunca chegamos
eu e a ilha movediça.
Móvel terra, céu incerto,
mundo jamais descoberto.
Indícios de canibais,
sinais de céu e sargaços,
aqui um mundo escondido,
geme num búzio perdido.
Rosa-de-ventos na testa,
maré-rasa, aljofre, pérolas,
domingos de pascoelas.
E esse veleiro sem velas.
Afinal: ilha de praias.
Quereis outros achamentos
além dessas ventanias
tão tristes, tão alegrias?
Poema de Jorge de Lima, cuja frase há sempre um copo de mar para um homem navegar é título da 29a Bienal de São Paulo
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